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Separar ou não separar... Eis a questão!

Separar ou não separar... Eis a questão!

Há algum tempo atrás recebi em meu escritório uma cliente desesperada: uma mulher por volta dos 40 anos de idade, casada e mãe de 2 filhos que dividia o seu dia a dia entre o cargo de funcionária pública, os afazeres domésticos e cuidar, segundo ela, do marido “intragável”.

Estava prestes a colapsar e pedir a separação deste relacionamento que já durava 15 anos. As questões negativas eram tantas, aparentemente mais evidentes que as positivas e já haviam sido muitas idas e vindas, entre discussões e desentendimentos, que tudo levava a crer que já havia decidido pela separação.

Procurou o meu auxílio por indicação de uma amiga que também já havia sido minha cliente. Sua primeira e incisiva pergunta foi se eu realmente teria condições de auxiliá-la a tomar esta decisão. Respondi prontamente que não a auxiliaria a tomar a decisão e sim refletir melhor sobre a decisão, pois este é o processo do Aconselhamento.

Ela cruzou seus braços e ironicamente respondeu que não tinha tempo a perder com reflexões. Ela estava muito ansiosa, percebi que o que realmente queria é que alguém decidisse por ela e isso, pela minha experiência profissional, é muito comum quando as pessoas não querem se responsabilizar por uma decisão.

Com muita paciência e empatia fui sutilmente desviando sua atenção do foco negativo principalmente e, pontualmente, fui fazendo algumas perguntas para gerar uma melhor conscientização sobre o real motivo do seu objetivo.

Após uma hora de intensas reflexões, disse a ela que o nosso tempo estava acabando. Ela ficou muito surpresa que o tempo havia “passado tão rápido” e que ela se sentia “mais aliviada”, pois havia colocado “quase tudo para fora”.

Nesse momento eu fiz a seguinte pergunta “Você está sentindo que perdeu o seu tempo?” e ela sonoramente respondeu com um “Imagina!” pois se sentia motivada e, desse jeito, marcamos sua próxima sessão de Aconselhamento.

E deste modo, algumas sessões e centenas de perguntas depois, ela realmente tomou consciência de que deveria assumir uma nova postura no seu relacionamento, pois também percebeu que estava agindo de forma errada e inconsequente, decidindo por não se separar, mas sim reconstruir a relação. Haviam sim ainda alguns problemas por parte do marido, mas agora ela estava focada no que ela poderia mudar, sendo mais assertiva e confiante, ou seja, faria sua parte da melhor forma possível e isso a deixou mais tranquila e segura.

Pode perceber vantagens e desvantagens na quebra no relacionamento de um jeito mais racional e ponderado, muito diferente do estado emocional que havia chegado na primeira sessão. Ela se sentia mais responsável e motivada.

Entendeu também que, quando se estabelece um relacionamento com alguém por tantos anos, é muito comum após um certo tempo, ocorrer este desgaste devido à ausência de diálogo, impaciência, conflitos de interesses, incompatibilidades de expectativas, entre muitos outros fatores. Estes pontos podem ser trabalhados com pensamentos e ações positivas, sinceridade, assertividade e revisão de valores e propósitos de vida. Quando tudo isso é resgatado, realinham-se expectativas e a percepção real do estado atual e também do estado ideal para o relacionamento.

É preciso entender que a nossa vida é uma conquista diária e que, entre erros e acertos, o ato de sustentar um relacionamento a dois ou em família é o maior de todos os aprendizados. Assim é o relacionamento: só aprendemos quando aceitamos errar e temos a coragem para acertar novamente.

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